Chefe de cozinha alternativa vai ensinar a comer alimentos crus na Madeira
Duarte Gonçalves é um chefe crudívoro, o que significa que defende que a comida seja consumida o mais crua possível ou, pelo menos, sujeita a uma temperatura que não exceda a do corpo humano, para preservar as enzimas.
A corrente gastronómica que segue vai ser a base de um ‘workshop’ a realizar no próximo fim de semana, promovido pelo turismo rural Fajã dos Padres, e que visa ensinar a ser crudívoro, conceito baseada na medicina holística, na filosofia e na alimentação vegan (não usa produtos animais ou seus derivados).
“É um conceito de uma alimentação mais natural, que preserva as qualidades do produto”, explicou à Lusa o chefe, natural do concelho da Ribeira Brava, na Madeira, mas a viver numa comunidade formada por várias nacionalidades numa aldeia de xisto na Serra do Açor, em Coimbra.
Para Duarte Gonçalves, os alimentos, ao serem consumidos crus ou apenas sujeitos a uma temperatura inferior a 40 graus centígrados, mantêm as suas propriedades enzimáticas, com grande repercussão na saúde individual, nomeadamente na prevenção e tratamento de casos de obesidade, diabetes ou mesmo cancro”.
O jovem, de 32 anos de idade, trocou os projetos na área da construção civil pela projeção de conhecimentos ao nível da alimentação saudável e vai ensinar, no fim de semana, a sua forma de cozinha no ‘workshop’ “Oficina Alimentação Viva”.
Duarte Gonçalves refere que esta alimentação tem a ver “com uma certa forma de estar e de viver, com um certo estilo de vida, com a alimentação holística, com a sintonização com a natureza, cabendo, a cada um, o modo e a intensidade com que a vão assimilando e interiorizando nas suas vidas”.
“Esta iniciativa decorre na Fajã dos Padres porque, além de ser um sítio com uma localização muito especial, belo e com um micro clima fantástico, é uma propriedade que tem vindo a desenvolver uma importante agricultura biológica e sido palco, pela extraordinária envolvência com a natureza – silenciosa e contemplativa – de várias sessões de terapias como o yoga ou o chiqong”, explica o chefe de cozinha, que também costuma criar experiências nos Estados Unidos, em Inglaterra e na Suíça.
Duarte Gonçalves adianta ainda que a Fajã dos Padres “pretende tirar partido da sua agricultura biológica, inserindo no cardápio do seu restaurante à beira-mar, de forma gradual e como alternativa aos pratos convencionais, escolhas crudívoras, libertas de toxinas, que vão oxigenar melhor o corpo de quem as consome”.
Este “mestre” da culinária assegura que esta alimentação “é muito prática e que se pode fazer tudo e mais alguma coisa dependendo da criatividade de cada um”, mas exige “uma nova rotina” e aconselha a que “as pessoas a assumam gradualmente e não logo a 100 por cento”, adicionando-a, aos poucos, à sua alimentação tradicional.
“Quando começarem a adotá-la vão ver que passarão a ter uma nova energia”, sustenta, sublinhando que as suas práticas curativas “têm vindo a ser confirmadas por especialistas desde os anos 90 do século passado”.
“A ideia é consumir alimentos crus, apanhados recentemente, maduros e produzidos localmente, aproveitando ao máximo o que as nossas terras nos oferecem, evitando químicos e fertilizantes. No fundo, é ver o alimento como meio de cura”, conclui.
A Fajã dos Padres é uma porção de terra à beira-mar, tendo a norte uma arriba de 300 metros de altura e, no sopé, uma exploração agrícola e um empreendimento de turismo rural.
Original http://www.dnoticias.pt/node/516494
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